Para realmente entender algo no trabalho, seja observador.
“Círculo de Ohno” – Taiichi Ohno (1912-1990) foi o lendário líder da Toyota, considerado por muitos o principal desenvolvedor do sistema de produção e gestão da montadora japonesa que deu origem ao sistema lean. Ohno marcava um círculo no chão em algum ponto e ordenava que seus discípulos ficassem dentro do círculo fazendo uma só coisa por horas: observando o que acontecia na fábrica, num determinado ponto de produção. Então, depois de muito tempo, ele voltava e fazia vários questionamentos sobre o que eles tinham observado e o que haviam aprendido, sobre o que podia melhorar os processos que presenciaram.
Embora simples e até prosaica, essa prática do “círculo de Ohno” contêm um significado profundo. Quem ficava no círculo e aguçava a percepção sobre o que ocorria na fábrica aprendia que a “primeira impressão” sobre um problema, ou mesmo sobre uma eventual solução. E que, para se entender algo de verdade, é preciso fazer uma observação muito mais profunda sobre os fatos. É preciso ir muito além do que dar uma olhada rapidamente. Tem de saber enxergar muito mais.
Essa simples prática traz em si alguns elementos mais profundos. Necessita-se levantar dados e fatos sempre. É fundamental falar com pessoas envolvidas no problema. É preciso ver e analisar os diversos pontos da questão. Observar, observar, observar e observar. Com olhos críticos. E daí, só assim, talvez, é que se comece a entender, de verdade, o problema, o que será o primeiro passo para encontrar a causa raiz e, assim, resolver a questão para sempre. Como se vê, não é algo que se alcance numa “primeira impressão”.
Essa lição do “círculo de Ohno” é uma das bases da prática do “genchi genbutsu”, expressão japonesa que significa “vá ver no local onde as coisas acontecem”, lá mesmo, no ambiente onde tudo é feito, onde se agrega realmente valor aos produtos e aos serviços, seja numa fábrica, num escritório, num ponto de vendas, enfim, em qualquer lugar que se queira criar valor. É preciso ver, mas, antes de tudo, “saber ver e enxergar”, o que significa, de antemão, observar com paciência, tempo e dedicação. É claro que isso vai contra a uma atual e forte cultura corporativa que prega a rapidez em tudo: nas decisões, nos projetos, nas soluções. E isso acaba gerando muita superficialidade.
Segue abaixo, um trecho do livro “Toyota – Matthew E. May”, onde é contada uma historia muito interessante para um bom empreendedor…
Quando estamos no chão de fabrica observando ou fazendo uma visita diária, vários eventos ocorrem ao mesmo tempo e geralmente perdemos o foco do real motivo de estarmos no gemba. Uma aplicação simples e eficiente aplicado pelo Ohno, conforme descrito no texto acima, ajuda a buscar um olhar e uma atenção diferenciada do chão de fabrica : ¨Observe e responda por que ? ¨, estamos falando do circulo de Ohno. Que consiste no desenho de um circulo próximo da área que sera estudada ou observada.
Fonte: Edson Miranda da Silva – Gestor da Qualidade, Produtividade e Sustentabilidade.
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